VOCÊ JÁ FOI AFETADO PELA SÍNDROME DO IMPOSTOR EM SUA CARREIRA?
- Orlando Paixão
- 1 de abr. de 2021
- 5 min de leitura

Por ORLANDO PAIXÃO, adv., mentor de carreira, treinador comportamental, estrategista de vida e negócios. (@orlandopaixaooficial - Instagram)
Quando você pensa em impostor, o quê vem a sua cabeça? Aqueles filmes americanos da década de 30, onde haviam aquelas gangues de nova Iorque recheadas de homens de meia-idade onde o foco era a disputa por poder, manipulação e controle dos outros? Chegou bem perto.
Imposto, em uma descrição de fácil e direto entendimento, são pessoas que vivem de enganar os outros, dissimular situações, criar enrascadas propositadamente ou fingir que é a vítima eterna da situação.
Agora, depois de ler o relato acima; talvez você se identifique – direta ou indiretamente – dentro das situações citadas. Ou ainda, você já tenho se reconhecido como um baita de um ou uma impostora.
Deixe-me falar algo; isto é muito mais comum do que possamos imaginar. Portanto, não se envergonhe com isso.
Cito, então, mais algumas situações práticas para lhe dar mais condições de visualizar o impostor.
Lembra daquela ocasião em que você estava na linha do próximo funcionário a ser promovido e sentiu aquela leve sensação de que não possuía as habilidades necessárias, não era merecedor ou ainda, não se tratava de algo conquistado, mas pura obra do acaso?
Pois é, eu já passei muito por isso e acredito que você tenha tido um friozinho na barriga neste momento.
Isto é a mais clara definição da síndrome do imposto. Quem não se identifica?
Ao longo da minha trajetória como mentor e treinador de pessoas em projetos pessoais e profissionais o que mais tenho visto são pessoas que possuem um sentimento terrível de incapacidade. Como dói ver pessoas de talentos incríveis sendo consumidas pela sombra da sua face impostora.
Esse sentimento compõe a Síndrome do Impostor, termo usado pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes. A condição é definida pelas pesquisadoras como uma experiência individual baseada em uma autopercepção de falsidade intelectual, ou seja, de ser uma fraude.
Diante disso vou passar a narrar algumas informações importantíssimas abaixo, para que você não seja vítima deste sentimento e coloque, consequentemente, a sua carreira em risco.
A síndrome do imposto está baseada no fato de que as pessoas não se reconhecem por merecedoras de situações e conquistas em sua vida, achando que elas não é verdadeira, mas sim uma fraude.
A autopercepção de si está sempre fragilizada, não lhe abrindo espaço para reconhecer seus valores, habilidades e ter uma visão positiva de si mesma.
Trata-se de uma autossabotagem sempre em alerta para criticar e colocar negatividade onde surgem fatos que lhe elevam a boas condições de vida.
Não tenho dúvidas que você já tenha presenciado ou até mesmo foi o agente principal de situações como aquelas onde a pessoas trabalha arduamente para o desenvolvimento de um projeto, depois de obtido êxito com muito louvor ela simplesmente descarta a sua dedicação e mérito por tudo construído atribuindo os resultados positivos ao acaso ou a outros fatores que não seu esforço e trabalho duro.
O pior de tudo é que, se não bastasse a visão distorcida quanto ao mérito do trabalho alcançado, a pessoa pode passar a pensar que ela não faz jus ao local que ocupa atualmente, passando a agir contra si mesma. Seja dando o reconhecimento do seu trabalho a outras pessoas que minimamente contribuíram, seja compartilhando a ideia aos colegas de trabalho que não seria tão boa para ocupar tais posições.
É impressionante como o ser humano desenvolveu a capacidade de duvidar de si mesmo. Pessoas que na infância foram muito cobradas e criticadas tendem a possuir maior propensão em se rederem aos impostores da mente.
Esta sensação de autossabotamento não só prejudica o desenvolvimento pessoal e profissional, mas também gera um eterno inconformismo e frustração na carreira. A insatisfação não se afasta da vida profissional. Nunca há contentamento com a trajetória.
Como a pessoa não reconhece as suas próprias conquistas ela fica sempre presa onde está não passando para outros níveis. Isto causa angústia e agitação eterna.
Fato a ser destacado é que a síndrome do imposto - conforme estudos - é mais comum nas mulheres.
Várias personalidades femininas, mundialmente, conhecidas já declararam que não se consideram boas o suficiente para ocuparem determinadas posições e lugares.
A síndrome do imposto, como já disse, é algo que é construído ao longo da nossa história, não nasce do dia para a noite. E, as mulheres, em especial, já sofrem uma pressão social em função das diversas funções que desempenham na sociedade. De tal maneira, por força dos inúmeros papeis tem a sensação de que não são tão boas em vários deles.
Além de tudo vivemos numa sociedade de excessiva cobrança, disputa e julgamentos sobre as capacidades dos homens e das mulheres. Esta concorrência, muitas vezes desleal, sempre coloca as mulheres em xeque diante de posições profissionais gra
ndes.
Mais uma vez, não é uma situação vivida exclusivamente pelas mulheres; a síndrome do impostor. Mas, são elas as mais afetadas em decorrência de, entre outros, os fatos citados anteriormente.
Portanto, como identificar a síndrome do impostor?
Trarei a seguir alguns padrões que normalmente se repetem em pessoas que cultivam a síndrome do impostor dentro delas:
1. Se cobrar em excesso: pessoas que vivem em função do que os outros vão dizer ou deixar de dizer, vivem constantemente se criticando, julgando, comparando e criando ilusões. Não sei se você lembra, mas quantas vezes já não ficou pensando: mas será que vai dar certo? O que vão dizer? Como vão reagir a isto? Será que não irei falhar?
Todas estas situações provocam um problema terrível que tira a paz da pessoa, afetando a sua criatividade, seu poder pessoal, pois ela não descansa enquanto não tiver a certeza de que tudo está perfeito e não vai ser vítima da crítica de ninguém.
Agora, imagine o tanto de oportunidade de crescimento uma pessoa que pensa e age dessa forma perde na vida?
2. Procrastinação: este é um efeito quase que imediato em função do que foi narrado no item 1. Quem busca a perfeição em tudo, ou não faz ou faz atrasado. Trata-se de uma tática de fuga dos julgamentos.
3. Comparação constante com os colegas: quem vive buscando a perfeição, indefinidamente, antes de realizar suas tarefas se coloca constantemente no tribunal de julgamentos. Está sempre buscando comparar o que está fazendo com que os outros fazem. Ou seja, a sua iniciativa não é sua, pois sempre está agindo em função das referências externas. Os outros é que dão o tom das suas ações. E a comparação parte, apenas, da forma que você vê. Ou seja, pode ser algo absolutamente irreal, pois é nada mais que uma pequena e frágil percepção.
Então, como lidar com a síndrome do impostor?
O melhor caminho é mergulhar na busca pelo autoconhecimento, se possível, com a ajuda de profissionais; através de mentorias ou processos de coaching. Também, começar a, conscientemente, questionar e duvidar das verdades que possui sobre si desde a infância; a fim de desconstruir padrões equivocados.
Aconselho também a se perguntar o que verdadeiramente você quer na vida? Quais seus valores? O que quer conquistar? As coisas que não abre mão?
Assim, você vai alinhar suas ações de acordo com os objetivos a serem alcançados e saberá, claramente, que se trata de resultado de seu esforço e trabalho. O reconhecimento aparece automaticamente, sem dúvidas ou questionamentos.
Receba os feedbacks positivos como méritos seus, reconheça que você possui, como todos, várias fragilidades e não se furte de comemorar e agradecer suas conquistas.
Por fim, não compare seus bastidores com o palco dos outros, cada um tem a sua jornada e desafios próprios.
O estudo do autoconhecimento será fundamental para que você entenda porque pensa da maneira que pensa e, diante disso, aprender a calibrar as suas emoções.
Este trajeto é fundamental para que você possa, intencionalmente, criar seus resultados e utilizar o melhor que possui em seu interior para alcançar tudo que deseja em curtos períodos.
Felizmente, muitas empresas já se envolveram nestes processos e estão, cada vez mais, investindo em treinamentos e capacitações que promovam a melhor do bem estar e da qualidade de vida dos seus funcionários.
Tenho dito em minhas palestras e consultorias: pessoas sadias, empresas sadias.
No final, todos ganham com isto.
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