Por ORLANDO PAIXÃO, adv., mentor de carreira, treinador comportamental, estrategista de vida e de negócios de sucesso. (@orlandopaixaooficial - Instagram)
Já temos experiência suficiente dos últimos meses, desde março de 2020 até abril de 2021, para entendermos que este novo mundo, colapsado pela pandemia, jamais passará perto ou despertará saudades daquele velho mundo; pelo menos no que tange ao rompante de tecnologia e inserção no mundo digital, tanto pelas empresas quanto pelas pessoas.
Jamais o mais extraordinário expert poderia prever que haveria um tempo onde o avanço da tecnologia seria tão pujante em um período tão curto como o que vivemos nos últimos 400 dias.
Seria insano da parte de qualquer um dizer que este despertar para o mundo digital, mesmo na velocidade e pelos motivos que foi não foi importante para que pudéssemos compreender o real cenário de localização das pessoas e das empresas dentro do mundo digital. Passamos, verdadeiramente, a nos confundir entre o cenário digital e o do mundo real.
Evidentemente, que haverá muito a navegar dentro deste imenso oceano da internet, de sorte que quem ainda não se inseriu no novo contexto, deverá fazê-lo o quanto antes.
Muitas empresas demoraram a perceber o tamanho da avalanche que estava se sobrepondo. Caminharam por longos períodos sem entender qual seria a melhor via a trafegar e perderam o momento de mergulhar de cabeça, adaptando suas vidas e os negócios dentro do digital.
Sendo assim, surgiram várias perguntas, dentre as quais destaco, por exemplo; como ficam as relações humanas neste novo mundo de isolamento social constante? Pois é, este é um fato a ser considerado, pois tem dado muito certo em várias empresas e segmentos de negócios. Fazer negócios à distância e conduzir empresas, funcionários, desta maneira já não é nenhuma novidade ou fato estranho. Estranho, na verdade, é quem ainda está sonhando com a volta do velho mundo onde tínhamos que nos reunir em longas e empoleiradas reuniões a fim de discutir processos, conduzir negociações ou fazer diagnósticos de consultoria estritamente pessoal e in loco.
Nesta toada, não resta outra alternativa a não ser investir em novas formas de relacionamento à distância. Principalmente, contando com equipamentos de tecnologia para medir a produtividade e manter a sensação de companheirismo com os pares dos times.
Mas, quero ressaltar que quanto mais se investe em tecnologia, automação industrial, sistemas inteligentes, internet das coisas, processos altamente computadorizados; mais, de outro lado, temos que investir em entender de pessoas.
Clientes são pessoas, funcionários são pessoas, empresas são feitas de pessoas e para pessoas; de tal modo, entender de negócios é entender de pessoas.
Saber compreender, minimamente, o que move as pessoas é um dos requisitos mais importantes que qualquer um deveria enveredar para ter sucesso na vida. Costumo dizer aos meus alunos, se tornar especialista em algo e se aprofundar apenas num determinado serviço ou área de atuação profissional, mas não esqueça de se tornar um especialista em pessoas para ter sucesso grandioso e duradouro no que quer que seja a sua vocação profissional.
Devo dizer que os maiores problemas da vida estão todos dentro do campo relacionamental. Tudo é relacionamento. Tudo vem de pessoas para pessoas. Precisamos de pessoas em tudo mesmo. Todo CNPJ tem por detrás vários CPF´s.
Outro fato importante, extremamente relacionado ao contexto atual; há um tempo que se fala em propósito de vida e missão de vida. As pessoas não querem, bom que isto se fortificou, viver apenas por viver. Confesso que, em grande medida, o termo propósito deu uma bagunçada de interpretação e muitos, inclusive, o utilizam e utilizaram para enriquecer dando cursos de nada. Pura aberração. Mas isto é papo para outro artigo.
Saliento também, isto é o que importa, as pessoas agora querem, não só alinhar o seu propósito de vida com sua atuação profissional, o que não poderia ser diferente, como também com um propósito empresarial. Esta é a grande virada na mentalidade dos trabalhadores atualmente. Da mesma forma, as empresas já entenderam que este é um fato relevante a ser considerado.
Do lado das empresas, não basta mais cumprir aqueles protocolos de responsabilidade social ou ambiental, dependendo da área, todos querem saber se – verdadeiramente – ocorre na prática o que as empresas colocam no papel. As pessoas querem sentir um alinhamento prático.
Principalmente, a safra dos mais jovens não quer perder tempo em lugares que não se coadunam com seus princípios ou objetivos de vida. Este pessoal não morre de amores por empresa alguma.
Fato é que muitas empresas já entenderam isto e estão, inclusive, criando programas diferenciados com o intuito de obter uma maior retenção de jovens talentos. Sem algo a mais, que na maioria das vezes não significa salário, fica mais complicado segurar os jovens e prodígios talentos.
A visão humanizada e voltada para as individualidades de cada um não pode mais ficar somente no projeto elaborado no papel, mas sim deve fazer parte de todo o escopo da organização. Esta já é uma tendência há anos em países desenvolvidos como Alemanha e Canadá e outros da Europa. O respeito às características individuais de cada ser está na crista da onda e não apenas por uma modinha, mas sim levado bastante a sério.
Gestores e líderes movidos apenas por capacidades de comandantes estão tendo que se reinventar. As pessoas estão sedentas por líderes, mas não por líderes cobradores, mas sim por líderes servidores e condutores.
Este retrofit no escopo do desenho do líder moderno é essencial, sobretudo pelo fato de que muitas pessoas já se convenceram de que se perderem o emprego nem procurar mais irão. Por duas razões; a primeira é o fato de que não querem vivenciar as rotinas anteriores e a segunda é que sabem que é possível empreender com muito mais facilidade no mundo expansivo dos negócios digitais como se encontra atualmente. Pelos menos as pessoas estão com coragem e disposição para se aventurar.
De fato, mais de 70% das pessoas que saem das empresas, voluntariamente ou não, fizeram isto em razão de se demitirem dos chefes ou líderes. Isto já é o suficiente para compreender que de onde vimos, não serve mais para nos conduzir adiante.
Também, sob o enfoque da virada comportamental, mais de 60% das demissões ocorrem em função de situações de comportamento e posturas em desacordo com os princípios da empresa. O chamado desacordo comportamental com o fit cultural da empresa.
Olha só, veja se não há necessidade de investigarmos e nos tornarmos expert em pessoas.
As políticas internas das empresas, relacionadas à missão, visão e valores; de onde é desenhado o modelo de governança nunca foi tão importante como atualmente.
Desenvolver autoconhecimento e investir em práticas de liderança pessoal é o caminho mais fácil e sólido para ter sucesso na vida pessoal e profissional.
Habilidades técnicas são treinadas e incorporadas de forma sistemática, através de cursos e treinamentos. Habilidades comportamentais e de liderança estão mais ligadas ao caráter e a personalidade cada pessoa. Por isso a necessidade de desenvolver os profissionais de acordo com as suas razões e pretensões pessoais. Isto só será possível se os responsáveis entenderem de pessoas.
Por fim, não se esqueça, você é o seu maior ativo na vida. Invista em entender a si próprio e terá muito mais sucesso em todas as áreas da vida. Se possível, participe de programas de mentorias de qualidade. Tenho visto muitas pessoas que não deslancham a vida toda por não investirem nestas qualidades pessoais.
Lembre-se, o seu poder pessoal não está no quanto você sabe. Mas sim, em quanto você sabe que não sabe sobre você. Portanto, desvendar a si próprio deveria ser a maior busca de todos nós.
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